You have to choose wich one you’ll follow.
A busca pelo sentido da vida quase sempre moveu o pensamento
humano. Acho que todo mundo já se perguntou o porquê de tudo isso, onde a vida
nos leva, qual é afinal o sentido dela, de onde viemos, pra onde vamos, se existe
um deus olhando por nós, se existe um deus. Essas questões (principalmente a última)
guiaram a humanidade para cima e para baixo. Através de eras da nossa
existência sempre buscamos uma resposta para a vida.
Alguns encontram suas respostas em alguma religião, outros
em algum filósofo, outros, mais incrédulos, não encontram ou criam a sua
própria versão. Mas acho que mesmo as melhores respostas para tudo isso não são
totalmente satisfatórias. É por isso que há dúvidas, é por isso que há espaço
para debates.
As respostas mais criativas já foram dadas. Já se acreditou
em colonizadores vindos do espaço, em seres superiores criando o universo, em
Rá, em Zeus, em Odin. Já se acreditou em serpentes envolvendo o mundo, em uma
árvore separando céu e terra, eu deuses vivendo numa montanha, em árvores
flamejantes que ditam mandamentos, em homens santos vindos de palácios, em
filhos redentores de algum deus do amor...
O fato é que ninguém, absolutamente ninguém, tem plena
certeza do que viemos fazer aqui. Talvez tenhamos vindo para evoluir, talvez
tudo isso seja uma mentira, acontecendo na mente de outro ser, talvez não
existam seres superiores, talvez a vida comece no nascimento e termine na
morte, sem mais adendos, sem antes, sem depois. Pra mim sempre foi difícil
imaginar algum ser superior que realmente se importe conosco, que realmente dê
a mínima atenção a esse microscópico ponto azul no meio do universo.
Por outro lado, é muito difícil imaginar que tudo o que
existe tenha surgido do nada, é difícil até imaginar que tenha surgido. Afinal,
a explicação mais aceita para a origem do universo não explica ainda o que havia
antes dele. Se tudo o que existe esteve um dia condensado em uma pequena parte
do universo, o que havia antes disso? Talvez seja cíclico, o universo se
expande e se contrai repetida e infinitamente, mas nesse caso, não houve um
início?
É também muito difícil pensar que a vida comece e termine
aqui, sem antes e sem depois. As coisas simplesmente deixam de fazer sentido.
Dessa forma, toda nossa felicidade e todo nosso sofrimento, tudo o que
destruímos e construímos, tudo isso fica raso, oco. Se não há nada depois, não
há motivo para haver o agora.
No entanto, quando pensamos em vida após a morte, seja lá
sob qual forma, tudo o que fazemos se torna inútil e pequeno. Mesmo pensando
que reencarnamos e sempre evoluímos, chega a hora em que a própria evolução
perde o sentido. Evoluiríamos até quando? Até nos unirmos novamente ao Todo?
Nesse caso novamente chegamos a um fim, ou um recomeço, tanto faz. O fato é que
simplesmente não faz sentido passar por incontáveis existências para no fim
recomeçar.
Acho que cada um cultiva dentro de si seu pedacinho de Verdade.
É isso que nos mantém vivos, é isso que faz com que nos agarremos avidamente a
esse curto espaço de tempo a que carinhosamente chamamos de vida. Esse
minúsculo intervalo entre nascimento e morte, faça ele sentido ou não, seja ele
bom ou ruim, queremos apenas vivê-lo, ser felizes, se possível, mas vivê-lo.
No fim das contas, acho que não faz diferença no que você
acredita. Nós não encontraremos as respostas que buscamos nessa vida. Talvez
nem na próxima, se houver. Não se pode perceber a escuridão quando se faz parte
dela. O que realmente importa é que vivemos. Amamos, sofremos, construímos,
destruímos, nos unimos, nos separamos, sentimos, ouvimos, vemos... Mas acima de
tudo, vivemos.
Vivemos e devemos fazer de nossa existência a melhor
possível. Não só a nossa, mas a de tudo e todos à nossa volta. O que resta
depois disso é o Mistério.