sábado, 3 de setembro de 2011

A Vida



There are two ways through life: the way of nature and the way of grace.
You have to choose wich one you’ll follow.

A busca pelo sentido da vida quase sempre moveu o pensamento humano. Acho que todo mundo já se perguntou o porquê de tudo isso, onde a vida nos leva, qual é afinal o sentido dela, de onde viemos, pra onde vamos, se existe um deus olhando por nós, se existe um deus. Essas questões (principalmente a última) guiaram a humanidade para cima e para baixo. Através de eras da nossa existência sempre buscamos uma resposta para a vida.

Alguns encontram suas respostas em alguma religião, outros em algum filósofo, outros, mais incrédulos, não encontram ou criam a sua própria versão. Mas acho que mesmo as melhores respostas para tudo isso não são totalmente satisfatórias. É por isso que há dúvidas, é por isso que há espaço para debates.

As respostas mais criativas já foram dadas. Já se acreditou em colonizadores vindos do espaço, em seres superiores criando o universo, em Rá, em Zeus, em Odin. Já se acreditou em serpentes envolvendo o mundo, em uma árvore separando céu e terra, eu deuses vivendo numa montanha, em árvores flamejantes que ditam mandamentos, em homens santos vindos de palácios, em filhos redentores de algum deus do amor...

O fato é que ninguém, absolutamente ninguém, tem plena certeza do que viemos fazer aqui. Talvez tenhamos vindo para evoluir, talvez tudo isso seja uma mentira, acontecendo na mente de outro ser, talvez não existam seres superiores, talvez a vida comece no nascimento e termine na morte, sem mais adendos, sem antes, sem depois. Pra mim sempre foi difícil imaginar algum ser superior que realmente se importe conosco, que realmente dê a mínima atenção a esse microscópico ponto azul no meio do universo.

Por outro lado, é muito difícil imaginar que tudo o que existe tenha surgido do nada, é difícil até imaginar que tenha surgido. Afinal, a explicação mais aceita para a origem do universo não explica ainda o que havia antes dele. Se tudo o que existe esteve um dia condensado em uma pequena parte do universo, o que havia antes disso? Talvez seja cíclico, o universo se expande e se contrai repetida e infinitamente, mas nesse caso, não houve um início?

É também muito difícil pensar que a vida comece e termine aqui, sem antes e sem depois. As coisas simplesmente deixam de fazer sentido. Dessa forma, toda nossa felicidade e todo nosso sofrimento, tudo o que destruímos e construímos, tudo isso fica raso, oco. Se não há nada depois, não há motivo para haver o agora.

No entanto, quando pensamos em vida após a morte, seja lá sob qual forma, tudo o que fazemos se torna inútil e pequeno. Mesmo pensando que reencarnamos e sempre evoluímos, chega a hora em que a própria evolução perde o sentido. Evoluiríamos até quando? Até nos unirmos novamente ao Todo? Nesse caso novamente chegamos a um fim, ou um recomeço, tanto faz. O fato é que simplesmente não faz sentido passar por incontáveis existências para no fim recomeçar.

Acho que cada um cultiva dentro de si seu pedacinho de Verdade. É isso que nos mantém vivos, é isso que faz com que nos agarremos avidamente a esse curto espaço de tempo a que carinhosamente chamamos de vida. Esse minúsculo intervalo entre nascimento e morte, faça ele sentido ou não, seja ele bom ou ruim, queremos apenas vivê-lo, ser felizes, se possível, mas vivê-lo.

No fim das contas, acho que não faz diferença no que você acredita. Nós não encontraremos as respostas que buscamos nessa vida. Talvez nem na próxima, se houver. Não se pode perceber a escuridão quando se faz parte dela. O que realmente importa é que vivemos. Amamos, sofremos, construímos, destruímos, nos unimos, nos separamos, sentimos, ouvimos, vemos... Mas acima de tudo, vivemos.

Vivemos e devemos fazer de nossa existência a melhor possível. Não só a nossa, mas a de tudo e todos à nossa volta. O que resta depois disso é o Mistério.

sábado, 11 de junho de 2011

Hábitos e Habitat

Por esses dias estive estudando escolas para a disciplina de Projetos da faculdade. A turma foi dividida em grupos, que pesquisaram e apresentaram seis diferentes universidades e escolas, cada qual com seu conceito único e diferenciado. Ao meu grupo, coube falar sobre o novo edifício da Cooper Union (foto acima), em Nova Iorque, que agora abriga os cursos de arquitetura, artes e engenharia. Este edifício, projetado pelo escritório Morphosis (projeto aqui http://morphopedia.com/projects/cooper-union), possui como grande diferencial seu inusitado (pra não dizer esquisito) esquema de circulação.

Pra começar, a grande escadaria central articula todos os onze andares e funciona como uma enorme praça onde os alunos podem se encontrar. Para estimular o uso da escada, os elevadores principais param apenas no primeiro, quinto e oitavo andares. Estudando esse esquema de circulação tão diferente é que me dei conta de como a arquitetura é capaz de forjar muitos dos nossos hábitos.
É devido a nossa forma (leia-se: dos arquitetos) de pensar os espaços que criamos hábitos como andar de carro, por exemplo. Se os muitos urbanistas que passaram pelo planejamento urbano de São Paulo tivessem imaginado o caos que se tornariam seus maravilhosos esquemas de avenidas, eu aposto que se teria investido muito mais em metrôs do que em asfalto. É claro que entra aqui o estigma que tem o transporte público brasileiro: “ônibus e metrô é coisa de pobre”. Dessa forma pensa a maioria das pessoas e dessa forma pensam as pessoas no poder, por isso se constroem cidades para os carros. Mas isso é assunto pra outra postagem, voltemos à arquitetura.
Até o hábito de andar ou de subir escadas está associado à forma de estruturar os espaços. Hoje em dia é possível realizar todas as tarefas de um dia sem caminhar mais que duzentos metros. Acordamos de manhã, andamos até o banheiro e a cozinha, depois até o elevador, num apartamento de 200m², isso não pode dar mais que vinte metros, o elevador nos deixa na garagem e caminhamos até o carro, uns trinta metros se o estacionamento for grande, vamos de carro até o estacionamento da empresa, mais uns trinta metros até o elevador, depois mais uns vinte até nossa sala, fazendo o caminho oposto ao ir embora e andamos exatos duzentos metros! E é possível fazer todo o percurso sem trocar duas palavras com outra pessoa. Isso acontece porque os espaços são projetados para andarmos menos e chegarmos o mais rápido possível a qualquer lugar. Chamam isso de comodidade, eu chamo de acomodação.
Agora imagine que o elevador do prédio parasse apenas no primeiro, no quinto e no oitavo andares. Para qualquer outro andar, as escadas se tornariam obrigatórias. E se tornariam ponto de encontro, as pessoas obrigadas a passar pelas escadas estariam sempre esbarrando com algum conhecido. Esta é a proposta do edifício da Cooper Union, criar uma grande “praça vertical” como o próprio escritório Morphosis define.
Na faculdade onde eu estudo existe uma praça, que foi criada com esse intuito, mas muitas vezes não precisamos mudar de prédio, às vezes nem de andar, e mesmo quando precisamos, é possível fazer o caminho sem cruzar com ninguém, assim, praticamente só encontramos a nossa turma e quase não convivemos com o restante da faculdade.
Seguindo este raciocínio, podemos analisar as casas projetadas hoje em dia, com três suítes, sendo que o banheiro do casal é duplo, ou seja, têm duas pias, dois chuveiros, duas banheiras e por aí vai. É claro que cada quarto possui sua TV e seu computador, às vezes até uma pequena geladeira. Nesses apartamentos, as suítes se tornam verdadeiros “bunkers”, onde é possível sobreviver sem ter o menor contato com os demais membros da família. É possível inclusive fazer todo o trajeto descrito anteriormente sem cruzar com ninguém dentro da casa, basta que os horários não sejam exatamente os mesmos.
Então, uma vez que nossos hábitos estão intrinsecamente ligados ao nosso habitat, e somos nós, arquitetos (e urbanistas, paisagistas, designers de interior e todas as outras disciplinas ligadas a planejamento), que projetamos praticamente todos os espaços em que vivemos e convivemos, é em parte nossa responsabilidade se as pessoas não convivem, não conversam, não se vêem, é nossa responsabilidade se as ruas são caóticas, se os transportes não funcionam, se as cidades poluem mais ou menos e tantas outras coisas que eu poderia passar dias listando. Desse modo, cabe a nós estudar, repensar, reprojetar e refazer esses espaços, para que possamos construir casas e consequentemente cidades melhores.

*As imagens pertencem ao Morphosis Arquitects Inc. e estão disponíveis no endereço http://morphopedia.com/projects/cooper-union/gallery/images/1/

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Repensar


Achei genial e resolvi postar.
No site mesmo é bem mais legal. Clique aqui pra fazer o seu.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Algo está errado...

“(...) E aquelas pessoas em Kilowaia, Havaí, que constroem suas casas ao lado de um vulcão ativo e aí se perguntam por que tem lava na sala de estar.”
-George Carlin-

Na última sexta-feira (11/03/11), o mundo presenciou o 7º terremoto mais forte da história da humanidade e o pior tsunami da história do Japão. Esses grandes desastres naturais sempre me deixam com essa sensação de que alguma coisa está errada. Não falo apenas de terremotos, como os do Chile e do Haiti, mas também das chuvas, como no Rio de Janeiro, ou furacões como nos Estados Unidos, ou mesmo vulcões, como no Havaí, Japão e Islândia. Essas catástrofes nos mostram apenas o quão frágeis nós seres humanos podemos ser. Coisas assim nos tiram do pedestal em que costumamos nos enxergar, nos tiram do topo da cadeia alimentar e nos jogam debaixo de um monte de escombros. Mas nós, crédulos que somos, acabamos por culpar a Natureza, ou Deus, ou qualquer outro ser mais poderoso, real ou não, e nos esquecemos que fomos nós que nos colocamos em apuros.
Nós pensamos que somos capazes de viver em qualquer lugar do planeta e, em nossas maiores provas de arrogância, construímos muros e diques para segurar a água, prédios com sistemas amortecedores anti-terremotos, criamos lagos, secamos pântanos, retificamos rios e enterramos os córregos, tudo isso para “controlar” a natureza e submetê-la a nossas vontades. Em nossa soberba, fazemos da natureza nossa inimiga, quando esta deveria ser nossa aliada. Tiramos à força o que ela seria capaz de nos dar de bom grado.
Não foi assim por tanto tempo? Não vivemos harmoniosamente por milhares de anos? Não digo que devemos voltar a ser nômades, mas o planeta é muito maior do que toda a humanidade, a natureza é maior, e se é assim, como nós conseguimos causar tanto estrago? É como se fossemos um único formigueiro, capaz de pôr abaixo toda uma cidade, a ponto de não conseguirmos mais sobreviver nela. Nós nos gabamos de ser a única espécie capaz de raciocinar, e mesmo assim somos os seres vivos mais ignorantes da face da Terra, somos os únicos tolos o suficiente para destruir o próprio habitat.
Mas o que mais me intriga em toda essa história de humanos versus natureza, são os ambientalistas nos dizendo o que fazer para “salvar o planeta”. Nós não sabemos cuidar de nós mesmos, como podemos salvar o planeta! (mais uma do George Carlin). Na verdade, o planeta já passou por coisas muito piores que a humanidade e deve superar mais esse probleminha, aliás, se há alguém precisando ser salvo é o Homo sapiens. A natureza pode se recuperar facilmente, já fez isso antes dezenas de vezes. Nós, porém, se não mudarmos de atitude rapidamente, seremos sumariamente eliminados, como são todas as espécies incapazes de sobreviver em seu habitat. Seremos apenas mais um na enorme lista de seres extintos, só mais um beco sem saída evolutivo.
No entanto, nós ainda temos uma saída. Basta descer do nosso pedestal e passar a trabalhar junto com a natureza. As soluções existem. Fontes de energia renováveis, carros elétricos, cultivo inteligente, agricultura orgânica, “green building”... Tudo isso está ao nosso alcance. Basta repensar nossa posição, reprojetar nosso modo de vida e refazer nossas atitudes, afim de uma existência pacífica e harmoniosa.

P.S.: Acho que eu vou fazer de “Algo está errado...” um meme periódico, escrevendo sempre que perceber algum problema.

terça-feira, 1 de março de 2011

Arquitetura mãe das Artes

Para mim, a primeira e primordial arquitetura é a geografia
-Paulo Mendes da Rocha-

Música;
Dança;
Pintura;
Escultura;
Teatro;
Literatura;
Cinema.
Essas foram as sete artes escolhidas por Riccioto Canudo ao escrever seu famoso “Manifesto das Sete Artes”, em 1911. Mas... Cadê a arquitetura, hein senhor Canudo?
Quando estudamos história da arte, aprendemos que a primeira manifestação artística a que podemos nos referir são as pinturas rupestres, em paredes de cavernas, as mais antigas datando do período paleolítico, ou seja, mais de 10000 a.C., quando não havia nem ao menos o Homo sapiens.  Foi nesse período que o homem começou a morar em cavernas e, na minha humilde opinião, foi quando surgiu a arquitetura.
Muitos dirão que nessa época os homens ainda não construíam de fato, portanto não faziam arquitetura. Mas eu penso que a arquitetura surge quando o homem tentou pela primeira vez resolver seu segundo maior problema (sendo o primeiro a alimentação): o problema do abrigo. Começamos a morar em cavernas quando a última era do gelo assolou o planeta e este se tornou um lugar bastante inóspito para a maioria dos mamíferos. Dessa forma poderíamos dizer que a arquitetura foi a primeira arte que o ser humano foi capaz de fazer. Depois do degelo, começamos a realmente construir nossas casas, começando pelos primitivos dolmens e em poucos milhares de anos atingimos a capacidade construtiva que temos hoje.
Talvez o senhor Canudo tenha excluído a arquitetura de suas sete artes devido a um conceito de arte bastante aceito – que diz que arte é algo com suporte material feito para comunicar algo. Bem, nesse caso a arquitetura está realmente fora.
Pensando por esse lado, a arquitetura realmente não procura passar mensagens ou comunicar algo, mas sim resolver o nosso problema de dar abrigo. E dar abrigo não apenas a nós mesmos, mas também a tudo aquilo que criamos, dar abrigo a todas as outras artes. Assim sendo, construímos lugares para se ouvir e fazer Música, lugares para se apreciar e criar a Dança, belos museus para abrigar a Pintura e a Escultura, magníficos Teatros, enormes bibliotecas para amparar a Literatura e magníficas salas para consagrar o Cinema.
Digo “Arquitetura mãe das artes”, pois todas essas sete artes surgiram imersas na arquitetura. Foi nas cavernas onde surgiu a música, a dança, a pintura e a escultura, foi na polis grega que se consolidaram o teatro e a literatura e foi na moderna Paris que surgiu o cinema.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Repensando em um conceito de arquitetura, foi possível chegar em uma valiosa comparação.
O mundo está subdivido humanas, exatas, biológicas e assim somos julgados profissionalmente. Então lembrei da época do cursinho onde havia uma sala específica para pessoas destinadas à arquitetura, não fazia parte apenas de uma divisão, mas ao perguntar para muitas pessoas cheguei a conclusão que fosse uma área mista de humanas e exatas. Assim comecei a refletir uma justificativa para cada uma dessas áreas.

Humanas porque a arquitetura é aquela que abriga à todos, acolhe e nos acomoda, assim como a exatas está fortemente presente na estrutura do projeto e em todos seus cálculos necessários para deixá-la em pé...Mas indo um pouco além na área de humanas, refleti a arquitetura e seu projeto como uma pessoa, possui várias faces( fachadas), vários pontos de vistas, um sentimento a ser passado para aqueles que trajetam sua vida. Assim como uma criança, com seus pequenos ossinhos (estrutura) e seu corpo (revestimento e acabamentos) é lançado em um mundo onde não sabe o que vai acontecer(implantação). Quando possui uma má formação, agride sua saúde (cai ou é necessário sempre ter reparos e cuidados especiais). Começando a enfrentar o mundo ao seu redor nascem as primeiras marcas de dor, como o rancor a mágoa( rachaduras). Com o passar do tempo, muitas pessoas entram e saem de nossas vidas e algumas ficam por mais tempo, como em um prédio de serviços onde os clientes entram e saem enquanto os funcionários permanecem por um tempo maior, sendo que todos se relacionam de alguma forma com o prédio.
Ao envelhecer é considerado como mais um prédio em uma cidade, como a grande São Paulo, assim como muitos idosos são deixados como apenas mais uma pessoa de terceira idade no mundo para ser paga com sua aposentadoria, mas que não presta mais serviços como antes por ter a saúde frágil (a estrutura de um prédio que não é eterna e se não houver reparos é isolada). E em um momento já está tão ultrapassada com as novas tecnologias que já não podem reparar esse prédio por não haver mais o mesmo material e estar desativado, apenas ocupando espaço é demolido para se fazer um novo prédio com todas as tecnologias, como um idoso que chega ao seu fim e ao morrer aqueles que não eram tão próximos o esquecem...Um prédio senão for famoso como grandes artistas e outras pessoas famosas não ficam marcadas no mundo.
Assim com essa comparação, percebi que papel do arquiteto não é apenas projetar um imóvel e nem para deixar seu nome famoso, mas sim o de tentar eternizar outra "pessoa", como verdadeiros pais, que se preocupam com a formação do filho e que antes de deixar enfrentar o mundo, o prepara para não haver muitas rachaduras ou machucados profundos que ao se machucar não basta o revestimento para curar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Repensar

Repense o autoconhecimento e a busca pela espiritualidade
Repense os formatos das famílias e os estilos de vida
Repense as crianças, os jovens e a terceira idade
Repense o high tech e o high touch
Repense o fashion e o casual
Repense a alta e a baixa renda
Repense a gestão e o novo executivo
Repense as grandes e as pequenas cidades
Repense a influência da China, da Índia e da globalização
Repense o resgate da ética e das bases da filosofia
Repense a sustentabilidade
Repense o trabalho e a qualidade de vida
Repense o entretenimento e a cultura
Repense os novos e antigos padrões estéticos
Repense a diversidade e o preconceito
Repense as tribos e as comunidades
Repense a tecnologia e a conectividade ao alcance de todos
Repense o consumidor
Repense o indivíduo
Repense.